É mesmo concreto usado na construção civil, feito de cimento, areia e pedra.
Empresários investiram R$ 50 mil para desenvolver e testar o produto.
O setor da construção civil não para de crescer. Para facilitar o trabalho, uma empresa criou um produto que reduz a mão de obra e atende pequenas reformas e até grandes obras: o concreto ensacado.
É o mesmo concreto usado na construção civil, feito de cimento, areia e pedra. Só que á vem tudo misturado em um saco, pronto para uso.
“Vamos falar um pouquinho de espaço. Qual a diferença de levar para a obra o cimento, a pedra e a areia em baias ou tudo já misturado nos saquinhos? É visível. Quando você olha a baia, ocupa um grande volume, e o concreto ensacado ocupa apenas 30% do volume. Aliás, a gente olha uma baia e não sabe quantos metros cúbicos dá para fazer. No ensacado, são 70 sacos por metro cúbico. E dá perfeitamente para planejar”, afirma o empresário Cleber Coan.
Coan, a irmã dele, Gisela, e o tio João Pedro são donos da empresa de construção civil. Em 1992, eles aproveitaram a mesma estrutura do negócio e lançaram o concreto em sacos. Os empresários investiram R$ 50 mil para desenvolver e testar o produto. “Nós temos testes dentro do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), que mostraram que durante dois anos não houve qualquer variação na resistência, mantendo-se constante”, afirma Coan.
A fábrica mistura os ingredientes em uma betoneira. Para cada 5 quilos de cimento, vão 10 de areia e 15 de pedra. O material vai para secagem em uma estufa e depois é ensacado. Além do concreto, a empresa também faz uma mistura só de cimento e areia - a argamassa, usada para nivelar pisos.
Esse é o típico exemplo onde a embalagem é tão essencial quanto o produto: é um saco de plástico com uma válvula na frente. Deitado ele está fechado. Ao ser colocado de pé, a válvula abre automaticamente para colocar água. Quando tombado, o peso do produto comprime a válvula e o saco fecha de novo e é só misturar. O concreto feito dentro do saco não vaza.
Os próprios empresários desenvolveram o sistema. Eles compram os sacos de outra empresa e prendem a válvula com uma seladora.
“Ela é um pedaço de plástico e tem a função de retenção, ou seja, quando você introduz a água dentro, a água mistura, quando você vai dar os tombos, ela evita, ela comprime e não deixa o material sair. O cliente ele pode revirar, fazer toda a mistura, sem que a água ou o produto saia da válvula, por isso que é uma coisa extremamente diferenciada esse tipo de válvula que foi desenvolvido”, explica Gisela.
O preço do saco de 28,5 kg com o produto varia de R$ 14 a R$ 30, conforme o tipo e a resistência da mistura. Em média, custa mais do que o dobro do que comprar areia, cimento e pedra separados e misturar. Mas, segundo o empresário, no final das contas, o consumidor economiza. “Em primeiro lugar, há redução brutal da mão de obra. Para se fazer um metro cúbico na enxada, ou seja, misturar areia, pedra e cimento, são necessárias 30 horas de um servente, contra apenas seis horas no concreto ensacado”, afirma Coan.
A fábrica vende 5 mil sacos do produto por mês e fatura R$ 100 mil. Fornece para construtoras e órgãos públicos, mas a grande aposta da empresa são os depósitos de material de construção. Quase 60% do consumo de concreto no Brasil está concentrado nas mãos do pequeno consumidor. O gerente de vendas, Paulo Ruelo, vai até as lojas e faz demonstração.
“Nosso plano é colocar nos depósitos de materiais, tem mais de 15 mil em São Paulo. Levar para o consumidor, para pequenos reparos, reformas, a gente acredita que está em alta, tanto em São Paulo como no Brasil inteiro”, diz Ruelo.
É uma situação onde a praticidade do concreto ensacado faz diferença. O empreiteiro José Mendes vai construir uma base para circuito elétrico no topo de um prédio. O acesso é difícil. O empreiteiro carrega o concreto ensacado no pequeno elevador, passa por corredores, e segue.
O lugar é apertado. A base de concreto vai ser construída ao lado dos motores do elevador. “Imagine subir areia, pedra, cimento, nesse lugar apertado aqui, para misturar, seria muito difícil”, sugere Mendes.
O empreiteiro põe água, mistura e começa a trabalhar. Em 15 minutos, termina o serviço. “Nesse caso de difícil acesso, não precisa de betoneira, de caixote, então estamos apostando. Comercialmente tem tudo para dar certo”, avalia Cloan.
Nenhum comentário:
Postar um comentário