Presentear os familiares e amigos com muito chocolate faz parte da tradição nesta época do ano. Mas por que o ovo, os doces e até mesmo o coelhinho fazem parte da celebração da Páscoa?
Nesta semana, até o Papa Bento XVI se rendeu aos encantos da Páscoa. Ele ganhou de uma confeiteira italiana um ovo de chocolate que pesa 250 kg e tem mais de 2 m de altura. Segundo pesquisadores , a tradição remete às festividades feitas pelos povos antigos para marcar o início da primavera no Hemisfério Norte. Alguns costumes existem desde aquela época, mas outros símbolos ganharam espaço ao longo da História. Saiba mais clicando no link acima.
Veja a seguir curiosidades sobre essa celebração.
Hoje a Páscoa é uma celebração religiosa, associada ao cristianismo e ao judaísmo, mas nem sempre foi assim. ‘A Páscoa tem sua origem no período pré-religioso judaico e cristão. Era associada a uma festa em celebração ao começo a primavera no Hemisfério Norte. Por isso que muitos símbolos que estão presentes até hoje, como o coelho e o ovo, lembram a primavera’, afirma o professor de teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Érico João Hammes.
Segundo ele, a celebração começou a ser feita pela comunidade cristã somente a partir do século 4, para marcar a ressurreição de Jesus Cristo. Já no judaísmo, a Páscoa é chamada de Pessah e teve origem com a libertação dos judeus no Egito depois de um longo período de escravidão.
Por que a Páscoa não tem uma data fixa?
Enquanto o Natal é celebrado todos os anos no dia 25 de dezembro, considerada a data de nascimento de Jesus Cristo, a Páscoa não tem uma data fixa porque segue o calendário lunar. ‘É o primeiro domingo após a primeira lua cheia de primavera no Hemisfério Norte, ou do outono no Hemisfério Sul’, explica o professor Érico João Hammes. Este ano vai acontecer no dia 8 de abril, mas pode ocorrer entre 22 de março e 25 de abril.
Já no judaísmo, a Pessah ocorre sempre no primeiro dia de lua cheia da primavera, ou do outono no caso do Hemisfério Sul. Neste ano, será nesta sexta-feira, dia 6.
A tradição dos ovos de chocolate surgiu quando?
Ao contrário do coelho e dos ovos, que estão ligados à celebração da Páscoa desde as civilizações mais antigas, o chocolate é uma introdução mais recente, contemporânea. ‘Primeiro vieram os doces e, a partir das primeiras décadas do século 20, o chocolate. A associação dos doces com a Páscoa dá-se pelas conotações de satisfação derivada do consumo de açúcares e que compõe o quadro de festa da fertilidade’, afirma o professor da USP, Pedro Paulo Abreu Funari.
O professor de Teologia da PUC Érico João Hammes afirma que com o passar do tempo os ovos de aves, principalmente da galinha, começaram a ser substituídos por ovos feitos por açúcar. ‘Há 60 anos o chocolate era muito raro, especialmente para as classes mais pobres. Então era comum um ovo feito só de açúcar para marcar a alegria da festa. Hoje o chocolate está mais barato e se tornou o grande símbolo da celebração’, afirma. Segundo ele, muitas culturas ainda preservam a tradição dos ovos de galinha decorados. ‘No Sul do Brasil, as famílias de origem alemã e polonesa mantém a tradição de usar o ovo com recheio de amendoim e açúcar. Já na Europa, as cascas decoradas são penduradas nas árvores’.
Por que é tradição comer peixe na Sexta-Feira Santa?
Chamada de Sexta-feira Santa ou Sexta da Paixão para os cristãos, esse dia marca a morte de Jesus Cristo e o seu sofrimento ao carregar a cruz e ser crucificado. Como penitência, os cristãos costumam evitar carne vermelha nessa data, optando apenas pelo peixe.
O teólogo Érico João Hammes explica que, a partir do sábado, os cristãos podem comer muito, principalmente carne. ‘Aí entra a carne de cordeiro, símbolo muito comum no judaísmo, e que também aparece na ceia de Páscoa nas culturas cristãs’, explica.
Por que o coelho e ovos?
Na tradição atual, o coelho esconde ovos coloridos em ninhos para que as crianças possam procurá-los como presente de Páscoa. Para o professor de História da Universidade de São Paulo (USP), Pedro Paulo Abreu Funari, esses símbolos referem-se à primavera do Hemisfério Norte e ao ciclo agrícola, sendo sempre ligados ao conceito da fertilidade. ‘Por esse motivo os símbolos são associados à reprodução, como o coelho que se reproduz muito e com rapidez. Daí também derivam os ovos, pois remetem ao novo ser que nascerá’, afirma.
De acordo com o professor de Teologia da PUC-RS, Érico João Hammes, as culturas antigas do Hemisfério Norte celebravam o início da primavera e o catolicismo se apropriou dessas tradições, como também fez o judaísmo.
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